segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um crime quase perfeito parte final

UM CRIME QUASE PERFEITO (Parte Final)

Chamei o garçom, paguei a bebida que não tomara, embarquei num táxi e fui à casa da criada. No quarto, me sentei à frente dela.
— Olhe-me nos olhos – disse-lhe – e veja bem o que vai responder: a senhora Stevens tomava uísque com gelo ou sem gelo?
   Com gelo, senhor.
  Onde comprava o gelo?
— Não comprava, senhor. Em casa há uma geladeira pequena que faz gelo em cubinhos – e a criada, como acordando, prosseguiu: — Agora me lembro, a geladeira estava estragada. Ontem, o senhor Pablo a consertou num instante.
            Uma hora depois nos encontrávamos na residência da senhora Stevens: o químico de nosso  laboratório, o técnico da fábrica que vendera a geladeira, o juiz de instrução e eu. O técnico retirou a água do depósito do congelador e vários cubinhos de gelo. O químico iniciou seu trabalho e, minutos depois, disse:
— A água está envenenada, os cubos também.
            Olhamo-nos, contentes. O mistério tinha terminado.
            Agora era um mero jogo a reconstituição do crime. O doutor Pablo, ao trocar o fusível da geladeira (era este o defeito, segundo o técnico), lançara no congelador certa quantidade de veneno dissolvido em água. Sem suspeitar, a senhora Stevens preparava seu uísque. Retirara um cubinho do congelador (o que explicava o prato com gelo derretido, encontrado na mesa) e o colocara no copo.  Sem imaginar que a morte a esperava em seu vício, passara a ler o jornal, até que, julgando o uísque suficientemente gelado, tomara um gole. Os efeitos não tardaram.
            Faltava prender o veterinário. Em vão o esperamos em sua casa. Ignoravam onde estava. No laboratório da indústria leiteira nos informaram que lá chegaria só às dez da noite.          
            Às onze, o juiz, meu superior e eu nos apresentamos no laboratório da Erpa. O doutor Pablo, quando nos viu em grupo, levantou o braço, como se quisesse anatematizar nossas conclusões. Abriu a boca e despencou ao lado de uma mesa de mármore. Um infarto o matara. Em seu armário estava o frasco do veneno. Foi o assassino mais engenhoso que conheci.

ARLT, Roberto. Um crime quase perfeito. Trad. Sérgio Faraco. In: Flávio Moreira Costa (org.) Os 100 melhores contos de crime e mistério da literatura universal. 2.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. P. 607 – 609.

1)      Qual é afinal, a terceira hipótese para o crime?
2)    Qual a primeira atitude do narrador ao imaginar essa última hipótese para o crime? Por quê?
3)    Quem se tornou o suspeito número um? Explique por que razão.
4)    A reconstituição é a história do crime contada de acordo com uma hipótese baseada em fortes evidências. Explique com suas palavras como o crime foi cometido.
5)    Em que lugares o assassino foi procurado?
6)    O assassino foi preso? O que aconteceu?
7)    Onde foi encontrado o envoltório do veneno?
8)    Podemos dizer que o final foi surpreendente? Por quê?

Um crime quase perfeito parte II

...

                E havia outra questão: os irmãos da morta eram três malandros.  Os três, em menos de dez anos, tinham posto fora os bens herdados dos pais, e seus atuais rendimentos não eram satisfatórios: Juan trabalhava como ajudante de um advogado especializado em divórcios. Mais de uma vez sua conduta anterior se mostrara suspeita, dando margem à presunção de chantagem. Esteban era corretor de seguros e havia feito um seguro para sua irmã, sendo ele mesmo o beneficiário. Quanto a Pablo: era veterinário, mas tivera seu registro profissional  cancelado pela justiça após ser condenado por dopar cavalos. Para não morrer de fome empregara-se na indústria leiteira, no setor de análises.
                Assim eram os irmãos.
                Já a senhora Stevens tinha enviuvado três vezes. No dia de seu “suicídio” estava completando 68 anos, mas era uma mulher extraordinariamente conservada, corpulenta, forte, enérgica, de cabelos viçosos, e tinha condições de pretender novo casamento. Dirigia a casa com alegria e pulso firme. Adepta dos prazeres da mesa, sua despensa estava magnificamente provida de vinhos e comestíveis, e não há dúvida de que, sem aquele “acidente”, teria vivido cem anos. Supor que uma mulher como ela seria capaz de suicidar-se era desconhecer a natureza humana. Sua morte beneficiaria cada um dos três irmãos com duzentos e trinta mil pesos.
                O cadáver foi descoberto pelo porteiro e pela criada às sete da manhã, quando esta, não conseguindo abrir a porta, que estava trancada por dentro, chamou o homem para ajudá-la. Às onze da manhã, como creio ter dito anteriormente, estava em nosso poder a informação do laboratório. Às três da tarde, eu deixava o quarto em que estava detida  a empregada, em sua própria casa, com uma ideia na cabeça: o assassino arrancara um vidro da janela para entrar na casa e após deitar veneno ao copo recolocara o vidro no lugar. Era uma fantasia de romance policial, mas convinha verificar a hipótese.
                Saí da residência da senhora Stevens decepcionado. Minha especulação era falsa. A massa dos vidros não tinha sido removida.
                Decidi caminhar e pensar um pouco, o “suicídio” da senhora Stevens me preocupava bastante. Não policialmente, mas, diria, esportivamente. Estava diante de um sagaz, possivelmente um dos três irmãos, que se valera de um expediente simples e ao mesmo tempo misterioso, impossível de ser detectado na nitidez daquele vazio.
                Absorvido em minhas conjeturas, entrei num café, tão ausente do mundo que, embora detestasse bebidas alcoólicas, pedi um uísque. Quanto tempo esteve a bebida, sem ser tocada, diante dos meus olhos? Não sei. De repente, vi o copo de uísque, a garrafa d'água, o pratinho com gelo. Atônito, fiquei olhando aquilo. Uma hipótese dava grandes saltos no meu cérebro.
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1)  Como a vítima é descrita física e psicologicamente?
2) Qual era a situação dos irmãos da vítima? Essa situação fez deles suspeitos em potencial. Por quê?
3) No terceiro parágrafo desse trecho, o narrador apresenta evidências que enfraquecem a hipótese de suicídio. Quais são elas?
4) Onde a criada ficou detida?
5) Quem descobriu o cadáver da vítima? Onde ele foi encontrado?                                                          6) Nesse ponto da narrativa, o policial cogita uma segunda hipótese. Qual é essa hipótese? Ela se confirma? Por quê?
7) O narrador utiliza a palavra suicídio entre aspas. Por quê?
8) Vamos pensar nos suspeitos? Releia as duas partes do conto para completar os espaços que estão em branco. Tenha em mente duas hipóteses: a de suicídio e a de assassinato. Seja fiel ao texto.

Conto de mistério - Parte I

UM CRIME QUASE PERFEITO - Robert Arlt

            As alegações dos três irmãos da suicida foram checadas. Não tinham mentido. O mais velho, Juan, permanecera das cinco da tarde até a meia-noite (a senhora Stevens se suicidou entre sete e dez da noite) detido numa delegacia, por sua imprudente participação num acidente de trânsito. O segundo irmão, Esteban, estivera no povoado de Lister desde as seis da tarde daquele dia até as nove do seguinte. Quanto ao terceiro, doutor Pablo, ele não se afastara em nenhum momento do laboratório de análise de leite da Cia. Erpa, mais exatamente do setor de doseamento da gordura.
            O curioso é que, naquele dia, os três irmãos tinham almoçado com a suicida, comemorando seu aniverśario, e ela, por sua vez, em nenhum momento deixara entrever uma intenção funesta. Todos comeram alegremente e, às duas da tarde, os homens se retiraram.
            Suas declarações coincidiram em tudo com as da criada que, desde muitos anos trabalhava para a senhora Stevens. Essa mulher, que não dormia no emprego, às sete da noite foi para casa. A última ordem que recebeu foi a de dizer ao porteiro que trouxesse o jornal da tarde. Às sete e dez o porteiro entregou o jornal à senhora Stevens, e o que fez esta antes de matar-se pode ser presumido logicamente. Revisou os últimos lançamentos da contabilidade doméstica, pois a livreta estava na mesa da copa, com os gastos do dia sublinhados. Serviu-se de uísque com água  e nessa mistura deixou cair, aproximadamente, meio grama de cianureto de potássio. Pôs-se a ler o jornal, depois bebeu o veneno e, ao sentir que ia morrer, levantou-se, para logo tombar no chão atapetado. O jornal foi achado entre seus dedos contraídos.
            Tal foi a primeira hipótese, construída a partir de um conjunto de coisas pacificamente ordenadas no interior da residência, mas esse suicídio estava carregado de absurdos psicológicos e não queríamos aceitá-lo. No entanto, só a senhora Stevens podia ter posto o veneno no copo. O uísque da garrafa não continha veneno. A água misturada também era pura. O veneno, claro, podia estar no fundo ou nas paredes do copo, mas esse copo tinha sido retirado de uma prateleira onde havia uma dúzia de outros iguais: o eventual assassino não havia de saber qual copo a senhora Stevens escolheria. De resto, o laboratório da polícia nos informou que nenhum copo tinha veneno em suas paredes.
            A investigação não era fácil. As primeiras provas – provas mecânicas, como eu as chamava – sugeriam que a viúva morrera por suas próprias mãos, mas a evidência de que, ao ser surpreendida pela morte, estava distraída na leitura do jornal, tornava disparatada a ideia de suicídio.
            Essa era a situação quando fui desligado por meus superiores para continuar a investigação. A informação de nosso laboratório era categórica: havia veneno no copo que a senhora Stevens usara, mas a água e o uísque da garrafa eram inofensivos. O depoimento do porteiro era igualmente seguro: ninguém visitara a senhora Stevens depois que lhe entregara o jornal. Se após as diligências iniciais eu tivesse concluído o inquérito optando pelo suicídio, meus superiores nada teriam objetado. Porém, concluir o inquérito  nesses termos era  a confissão de um fracasso. A senhora Stevens tinha sido assassinada e havia certo indício: onde estava o envoltório do veneno? Por mais que revistássemos a casa, não encontramos a caixa, o envelope ou o frasco do tóxico. Aquilo era eloquente.

Glossário
Funesta: que causa a morte; fatal; mortal.
Cianureto de potássio: poderoso veneno.
Hipótese: suposição, conjetura, pela qual a imaginação antecipa  conhecimento, com o fim de explicar ou prever a possível realização de um fato.
Evidência: indicação; indício; sinal; traço.
Eloquente: aquele ou aquilo que é convincente; persuasivo.

1)      Reflita sobre o título do conto: Um crime quase perfeito. O que seria um crime quase perfeito?
Um crime quase perfeito é aquele cuja autoria não se consegue provar.

2)    Qual é o nome da vítima?
Senhora Stevens.
3)    De acordo com o que o narrador nos conta sobre o depoimento das testemunhas e sobre os vestígios encontrados na residência da vítima, reconstitua suas ações nos momentos anteriores à sua morte.
Era dia de seu aniversário. Ela almoçou com seus três irmãos.a empregada foi embora às 19h. às 19h10, o porteiro entregou-lhe o jornal. Ela revisou alguns itens da contabilidade doméstica. Depois começou a ler o jornal. Tomou uísque com água e veneno e pôs-se a ler até começar a sentir-se mal.

4)    Quais foram as últimas pessoas que viram a vítima antes do crime?
A criada e porteiro.

5)    Quem nos narra todo o caso? Reescreva um trecho que comprove sua resposta. Se o trecho selecionado deixar dúvidas, complemente sua resposta com uma explicação.
Quem nos conta um caso é um policial, detetive ou inspetor da polícia. “Essa era a situação quando fui designado por meus superiores para continuar a investigação. A informação de nosso laboratório era categórica”.

6)    Qual é a primeira hipótese apresentada para a morte da senhora Stevens? Por que o narrador crê que ela é disparatada?
Hipótese de suicídio. O narrador crê que essa hipótese é disparatada porque a Sra. Stevens não parecia ter provocado a própria morte e o envoltório do veneno não foi encontrado.

7)    “Envoltório” é tudo aquilo que serve de recipiente para guardar, conservar ou proteger alguma coisa. Quais são as outras três palavras presentes no texto que poderiam substituir o termo “envoltório”?
Caixa, envelope e frasco.

8)    A ausência de veneno nos outros copos do armário reforça a ideia de assassinato ou de suicídio?
De suicídio.

9)    Por que encontrar o envoltório original do veneno seria uma peça fundamental da investigação policial?
O envoltório do veneno poderia indicar quem foi a última pessoa a manuseá-lo, pelas impressões digitais, por exemplo.

10) Na sua opinião, o que aconteceu com a vítima? Por quê?  Resposta pessoal.
Interpretação de poema - 9º ano
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
                                                      Carlos Drummond de Andrade

1)    Analise, inicialmente, a primeira estrofe.

a)    Segundo o “eu poético”, o ato de amar é uma vocação. Que versos sugerem essa ideia?

b)   É possível perceber que, segundo o “eu poético”, o ato de amar acontece quando o indivíduo se encontra em uma determinada circunstância. Que circunstância é essa?

c)    Amar, de acordo com o poema, é uma atitude finita? Justifique sua resposta.

2)   Na segunda estrofe, o “eu poético” diz que o ser amoroso, em rotação universal, também pode amar.

a)    Qual é o sentido da expressão “ser amoroso"?

b)   Na estrofe inicial, foi mencionado que o ato de amar acontece em um determinado contexto, ou seja, entre criaturas. Na segunda estrofe, há uma palavra que se opõe a essa ideia. Que palavra é essa?

c)    Mesmo mencionando essa palavra, pode-se dizer que ainda prevalece a ideia da existência do amor somente entre as criaturas? Justifique a sua resposta.

3)   Ainda na segunda estrofe, ao empregar a palavra mar, o “eu poético” estabeleceu uma relação de semelhança gráfica e sonora com a palavra amar.

a)    A palavra mar também reforça a ideia do movimento cíclico do amor. De que forma isso está sugerido nessa estrofe?

b)   Releia o último verso da estrofe: “é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?” De maneira figurada, o “eu poético” revela três diferentes forma de amar. O que você consegue apreender com base nos elementos citados?

4)   Observe que na terceira estrofe o “eu poético”, usando a linguagem figurada, fala em amar aquilo que é áspero ou inóspito, sem vida ou vazio.

a)    A as idéias “um vaso sem flor”, “um chão vazio”, “o inóspito”, “o áspero” e “as palmas do deserto” apresentadas no poema podem ser consideradas elementos figurados que representam características ou atitudes humanas? Em caso afirmativo, que características elas apresentam?

b)   Note que o “eu poético” ainda fala em amar “o que é entrega ou adoração expectante” [que espera], “a a rua vista em sonho” e “uma ave de rapina”. Esses elementos parecem não ter relação de sentido com os mencionados na questão anterior. Assim, responda: o que é possível afirmar sobre esses elementos, refletindo sobre o ato de amar?

5)   Na quarta estrofe, o “eu poético” diz que o destino do ser humano é amar sem conta, ou seja, de maneira ilimitada, como uma forma de doação.

a)    O que significa no poema “doação ilimitada a uma completa ingratidão”? O “eu poético” está se referindo ao amor não correspondido ou estaria falando sobre o amor desinteressado, de pura entrega?

b)   Em que versos dessa estrofe o “eu poético” sugere novamente a ideia do movimento cíclico do amor?

c)    Ao falar em “concha vazia do amor”, o “eu poético” remete novamente para a figura do mar, mencionada na segunda estrofe. No contexto do poema, o que essa imagem pode estar representando?
6)   Releia a última estrofe e observe que novamente ele remete para a ideia de que amar é um sentimento inesgotável. Que expressão está sugerindo essa forma de pensar do “eu poético”?

Gabarito
1)    a- “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”

b- Quando ele está entre criaturas.

c- Não, pois de acordo com o poema, amar é cíclico, como pode ser observado nesses versos: “amar e esquecer, / amar e malamar, / amar, desamar, amar?

2)   a- É o ser que tem amor ou está amando.

b- A palavra “sozinho”.

c- Sim, pois, ao falar em “rotação universal”, ele sugere a harmonia de movimentos, da convivência entre outros seres, ou seja, o ser amoroso acaba sendo impulsionado a afinar-se com o mundo  e também a amar.

3)   a- Para reforçar a ideia do movimento cíclico do amor, o “eu poético” disse: “amar o que o mar traz à praia, / o que ele sepulta[...]”.

b- “Sal” é o tempero, a graça que existe no amar; “precisão” pode estar se referindo à carência afetiva, ao sentimento de solidão; “ânsia” à vontade, ao querer amar.

4)   a- Sim, pois tais elementos poderiam estar representando a ausência de sentimentos, o amor não aceito ou não correspondido, o amor que não floresce, etc.

b- É possível afirmar que, segundo o “eu poético”, o ato de amar pode acontecer em todos os momentos vivenciados pelo ser amoroso.

5)   a- O “eu poético” refere-se ao amor desinteressado, de pura entrega.

b- Em “e na concha vazia do amor a procura medrosa,/paciente, de mais e mais amor.”

c- A concha pode ser o elemento que representa a capacidade humana de amar, que nunca se completa, ou ainda pode ser um elemento figurativo que indica o lugar em que o amor se instala, acomoda-se, encontra seu lugar.

6)    A expressão sede ”infinita”.
Criando história em quadrinhos - 6º ano


O lobo e o cão
Ruth Rocha
Certo dia, um Lobo só pele e osso encontrou um cão gordo, forte e com o pêlo muito lustroso enquanto andava pela estrada. Via-se bem que não passava fome. O Lobo, admirado, quis saber onde é que ele conseguia obter tanta comida.
- Se me seguires ficarás tão forte como eu - respondeu o cão. - O homem dar-te-á restos saborosos.
- Mas o que preciso fazer em troca? - quis saber o Lobo.
- Muito pouco, na verdade - respondeu o Cão. - Uivar aos intrusos, agradar ao dono e adular os seus amigos. Só por isto receberás carne e outras iguarias muito bem cozinhadas. De vez em quando, receberás também festas no dorso.
O Lobo ficou encantado com a ideia e meteram-se ambos ao caminho. A dada altura, o Lobo reparou que o cão tinha o pescoço esfolado.
- O que tens no pescoço? - perguntou.
- Nada de grave. É da argola com que me prendem - explicou o Cão.
- Preso? Então não podes correr quando queres?- exclamou o Lobo. - Esse é um preço demasiado elevado: não troco a minha liberdade por toda a comida do mundo.
Dito isto, desatou a correr o mais depressa que pode para bem longe dali.
Moral da história:
A tua liberdade não tem preço.

1) Você seria capaz de contar essa fábula de maneira diferente? Tente contá-la no formato de história em quadrinhos. Para facilitar, primeiro faça um ROTEIRO colocando no papel como será a história toda.Veja o exemplo:

1-Primeiro quadrinho:
Desenho – O Lobo esfomeado encontra o Cão forte e alimentado na estrada e pergunta ao cachorro onde ele conseguia alimento.
Balão: – Onde achas tanta comida?
2-Segundo quadrinho:
Desenho – O Cão responde ao Lobo.
Balão: - Venha comigo, terás comida à vontade, terás afeto e carinho na boa casa em que vivo!
3-Terceiro quadrinho:
Desenho - O Lobo concorda com a idéia e segue o Cão pelo caminho.
Balão: – Vou com você!
4-Quarto quadrinho:
Desenho – O Lobo percebe que o Cão tem o pescoço esfolado.
Balão: – Que tens no pescoço?
5-Quinto quadrinho:
Desenho – O cachorro explica.
Balão: - É que, às vezes, me deixam amarrado durante o dia.
Depois, calcule quantos quadrinhos você vai precisar para contar sua história. Tente descobrir quantas páginas vai utilizar.
Exemplo: 12 quadrinhos. Você pode colocar em 2 páginas, 6 quadrinhos em cada uma.





Para fazer cada quadrinho, comece pelo texto (balões dos personagens). Use letras maiúsculas. Se preferir, destaque palavras importantes ou gritos com cores mais fortes. Escreva as letras antes de fazer o balão. Fazendo assim, você garante o espaço para o texto. Depois faça os desenhos. Se você acha difícil desenhar, não fique preocupado. Faça desenhos simples. A cena parece complicada demais para desenhar? Pense em outra. Sempre há uma solução mais simples...
Agora, você faz o quadrinho. Não esqueça de escrever o título da história e colocar a palavra “fim” no último quadrinho.

Exercícios orações subordinadas substantivas



Leia a tira a seguir, de Fernando Gonsales, e responda às questões 1 e 2.
     (Níquel Náusea — Nem tudo que balança cai. São Paulo: Devir, 2003. P. 12.)
1)      No 1º quadrinho da tira, na fala do beija-flor, há uma oração subordinada substantiva. Identifique-a e classifique-a.

2)      O humor da tira é construído a partir da quebra de expectativa provocada pela resposta negativa do ratinho.
a)      Qual era a expectativa do beija-flor ao fazer a pergunta ao ratinho?
b)      Por que o beija-flor é quem sai surpreendido nessa conversa?

Leia ou cante os versos da canção a seguir, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e responda às questões de 3 a 6.
Eu sei que vou te amar
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

3)      Observe o primeiro verso de cada uma das estrofes:
Eu sei que vou te amar
Eu sei que vou chorar
Eu sei que vou sofrer
Cada um desses versos é formado por duas orações, ligadas pela conjunção que. Esses períodos são compostos por coordenação ou por subordinação?

4)      O verbo saber é transitivo direto e, portanto, exige complemento.
a)      Qual é o objeto direto desse verbo em cada um desses períodos?
b)      O que a repetição dessa estrutura sintática sugere quanto aos sentimentos do eu lírico?
5)      O eu lírico dessa canção é correspondido no amor? Justifique a sua resposta com versos do poema.
6)      Explique o valor semântico das expressões adverbiais por toda a minha vida e desesperadamente,considerando o sentimento amoroso do eu lírico.

7)      Classifique sintaticamente as orações destacadas, interprete os provérbios populares e identifique em qual situação são utilizados:
a)      Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado.
b)      A árvore, quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira.
c)      Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és.

8)      Classifique as orações subordinadas dos períodos abaixo em subjetiva, objetiva direta ou objetiva indireta.
a)      É necessário que se coma com moderação.
b)      Não sei se analiso esse novo cardápio.
c)      É importante que você cuide de sua saúde.
d)      O médico disse que ele deveria se alimentar melhor.
e)      Lembre-se de que esse restaurante nos pertence.
f)       Convenci meu filho de que muitos doces não fazem bem. 

9)      Classifique as orações subordinadas dos períodos abaixo em completiva nominal, apositiva ou predicativa.
a)      A verdade é que o teatro desenvolve a criatividade.
b)      Os profissionais de artes cênicas fazem a seguinte sugestão: que todos aprendam a liberar as emoções.
c)      Seu sonho era que a casa teatral fosse inaugurada.
d)      Os atores tem um único objetivo: que as pessoas gostem da apresentação.
e)      Quero a certeza de que você verá esse programa.
f)       Tenho a informação de que ele está trabalhando numa nova peça.